Dados dos principais Clubes de Tiro de São Paulo e do Rio de Janeiro indicam que houve aumento de 40% a 50% de mulheres que procuram os Clubes de tiro, nos últimos cinco anos. Nos EUA, a participação feminina nestes clubes também aumentou. Porém, a legislação americana sobre armas é bem mais branda do que por aqui: basta ter mais de 21 anos (18, dependendo do armamento), passar por um teste e não ter antecedentes criminais. No Brasil, o processo exige mais requisitos (saiba mais abaixo)
A mulher está mais independente e cuida sozinha da casa, dos filhos e da própria segurança. Antigamente, os clubes eram muito restritos, e elas só podiam entrar acompanhadas de um homem. Havia hostilidade nos clubes e muitas delas acabavam desistindo. Hoje, o trabalho é mais especializado e, geralmente, são clientes com poder aquisitivo alto.
Muitas mulheres usam o tiro esportivo como terapia. “O tiro também é um esporte diferente que não requer tanto tempo para te ajudar a distrair. Tem mulher que chega no Clube e atira por cinco minutos. Isso já pode ser suficiente. Outras, pegam quatro, cinco caixas de munição e passam metade do dia disparando”
O perfil é bastante variado, tem dona de casa, diretora de multinacional, empresária. Quem costuma levar o esporte mais a sério são mulheres com mais de 40 anos. Mas a maioria procura para ter contato com armas. Quando você já conhece uma arma, consegue manter mais a calma em um assalto, por exemplo.
Em muitos casos o tiro esportivo entra na nossa vida como opção de esporte. Quer algo diferente e dinâmico para a vida? Todos os meses tem um campeonato promovido pelos Clubes de Tiro.
“No tiro esportivo, é tanta concentração que você acaba se desligando de todo o mundo e se afastando de todas as adversidades do dia a dia. Isso te desestressa de uma maneira sem igual e ajuda muito na concentração e com a ansiedade. Você leva isso para a rua ficando mais cautelosa”. Assim fica fácil entender porque mais e mais mulheres procuram Clubes de Tiro.
POSSE E PORTE DE ARMA.
Falar de armas é um assunto polêmico, pois não costuma ser lembrado como modalidade esportiva, mas apenas associado à questão de segurança pública.
O processo de adquirir uma arma está sendo desburocratizado aos poucos, mesmo na modalidade de tiro esportivo, já avançamos muito. Quem tiver interesse em se tornar CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) deve obter o CR (Certificado de Registro) com o Exército Brasileiro. São exigidos, entre outros requisitos, laudo de tiro, laudo psicológico e atestado de antecedentes criminais. O valor total do processo gira em torno de R$ 3 mil. Para manter o CR, é necessário frequentar um clube oito vezes por ano e participar de ao menos duas competições. Os laudos são feitos em locais credenciados pelo Exército e Polícia Federal. Depois de três anos, é preciso renovar o documento.
O Exército Brasileiro, assim como a Polícia Federal, não filtra os dados dos CACs por gênero, mas afirma que houve aumento na emissão destes registros nos últimos anos. Em 2020 o aumento foi de 90%. A PF autorizou o registro de 179.771 novas armas de fogo em 2020, um aumento de mais de 91% em relação a 2019. A maior parte dos registros se enquadra na categoria “cidadão comum”: quase 70% do total. Servidores públicos conseguiram mais de 20 mil autorizações de posse de armas de fogo e empresas de segurança privada, 4.650. Somadas também as renovações, o número de armas registradas passa de 252 mil.
O número de porte de armas também aumentou: foram 10.437 autorizações em 2020 contra 9.268 em 2019. O porte dá direito a transportar a arma fora de casa, enquanto a posse só permite manter a arma dentro da residência.
O número de novos registros de armas de fogo no Brasil aumentou 90% em 2020 em comparação com o ano anterior, e foi o maior número da série histórica do sistema da Polícia Federal.
Os que têm apenas curiosidade em manusear uma arma – somente ao lado de um instrutor certificado pela Polícia Federal –, pode procurar um clube de tiro e fazer cursos avulsos (a partir de R$ 450), além de alugar a arma (R$ 35, dependendo do tipo) e pagar pela munição utilizada. “Tem dia que você quer dar só 50 tiros, mas, às vezes, você quer dar 200. A caixa da calibre 22, que é a mais barata, custa R$ 240 reais com 300 tiros. Em comparação, só uma bala da pistola 380 custa R$ 10.
A segurança é de suma importância para o exercício do tiro esportivo. O aluno deve estar trajando todos os equipamentos de segurança determinados: óculos de proteção especial, tampão de ouvidos e colete que serve para armazenar a munição usada no treino. Como vemos não é um esporte barato.
Por: Marize Oliveira.